Wrapper de Streams php://

Streams

Antes de falarmos sobre um wrapper específico, é legal dar um certo contexto sobre streams.

Um stream basicamente é um fluxo de dados. Usando streams podemos realizar operações de I/O como leitura de arquivos, acessos a rede, comunicação por sockets e muito mais.

Existem muitas funcionalidades que giram em torno dos streams do PHP como filtros, contextos, etc, mas neste artigo meu foco vai ser em um wrapper específico.

Wrappers

Wrappers de streams em PHP são o código que diz como aquele determinado protocolo vai ser usado e gerenciado.

Ler um arquivo é diferente de realizar uma requisição HTTP que é diferente de se conectar com um Unix socket. Para que todas essas diferenças sejam abstraídas para nós devs, o PHP fornece wrappers.

Quando você abre um arquivo para leitura em PHP, usa o wrapper file://. Quando faz uma requisição HTTP, usa o wrapper http://. Com wrappers diferentes, podemos utilizar o mesmo código para realizar tarefas completamente diferentes. Ex.:

<?php

echo file_get_contents('file://arquivo.txt'); // lê um arquivo
echo file_get_contents('http://google.com'); // faz uma requisição HTTP

Wrappers disponíveis

Por padrão o PHP já fornece diversos wrappers como

  • file://
  • http:// e https://
  • ftp://
  • zlib://
  • ssh2://
  • rar://
  • etc

Existem outros wrappers fornecidos por padrão e além disso nós podemos criar nossos próprios wrappers. Mas isso foge do escopo desse artigo e no final dele vou deixar alguns links de referências.

Wrapper php://

Um dos wrappers mais interessantes e que menos vejo material sobre é o php://. Através dele temos acesso a diversos recursos de I/O como a entrada e saída padrão do sistema, streams temporários em disco e em memória, etc.

Vamos ver de forma resumida algumas das possibilidades deste wrapper

php://input

Este provavelmente é o stream mais utilizado fornecido por este wrapper. Através dele nós conseguimos acessar diretamente o corpo de uma requisição. Então se uma requisição POST é feita para seu sistema enviando o corpo em JSON, por exemplo, o seguinte código pode fazer o parse:

<?php

$corpo = file_get_contents('php://input'); // recupera o corpo todo da requisição, como string
$json = json_decode($corpo); // decodifica a string em json

echo $json->algumValor; // acessa um valor já parseado

É válido citar que este stream permite apenas a leitura, logo, não podemos escrever nada nele.

php://memory e php://temp

Ambos streams são de leitura e escrita, e nos permitem acesso a um espaço que pode ser no disco ou na RAM para manipular dados temporários. São interessantes para realizar processamentos em dados já existentes usando a interface de streams, por exemplo.

php://memory vai manter todo o dado na RAM enquanto php://temp vai utilizar um arquivo quando o conteúdo do stream atingir um limite de tamanho pré-definido (2MB por padrão).

php://filter

Aplicar filtros de streams pode trazer grandes poderes para sua aplicação e até poupar bastante uso de memória. Mas para utilizar filtros, teoricamente nós precisaríamos de um recurso de stream aberto. Qual o problema disso? Não poderíamos usar filtros com funções como file_get_contents que ao invés de um recurso, recebe uma string por parâmetro.

Usando o stream php://filter nós podemos especificar filtros para esse tipo de função sem nenhum problema. Exemplo:

<?php

echo file_get_contents("php://filter/read=string.toupper|string.rot13/resource=http://www.example.com");

Isso vai aplicar os filtros string.toupper e string.rot13 ao ler de http://www.example.com.

Se você não conhece os filtros de streams, vale a pena conferir as referências no final do artigo. ;-)

php://stdin, php://stdout e php://stderr

Estes streams fornecem acesso aos streams correspondentes do próprio processo do PHP. php://stdin fornece acesso à entrada padrão do processo (que pode ser o teclado ou um pipe, por exemplo). php://stdout permite acessar a saída padrão, que pode ser o terminal em uma aplicação CLI. php://stderr nos deixa escrever na saída de erro do processo.

O primeiro stream é apenas para leitura, enquanto os 2 outros são apenas para escrita. Não é possível escrever em php://stdin por exemplo.

php://output

Este stream permite escrever no mecanismo de buffer de saída do PHP, assim como echo e print fazem.

php://output vs php://stdout

Você talvez esteja se perguntando a diferença entre php://output e php://stdout. Basicamente o primeiro escreve no mecanismo de buffer de saída do PHP, o que permite o controle através de funções como ob_start. Já o segundo escreve direto na saída do processo, não passando pelo controle de buffer do PHP.

Para entender melhor:

<?php

$stdout = fopen('php://stdout', 'w');
$output = fopen('php://output', 'w');

ob_start();

fwrite($output, 'Escrevendo no output' . PHP_EOL);
fwrite($stdout, 'Escrevendo na saída padrão' . PHP_EOL);

ob_end_flush();

Ao executar este script em um terminal, o primeiro fwrite envia a string para o mecanismo de buffer do PHP, e devido ao ob_start(), não vai ser imprimido ainda. O segundo fwrite manda o conteúdo direto para a saída (tela do terminal). Ao executar ob_end_flush() o buffer é enviado para a saída do processo, então o resultado é:

Escrevendo na saída padrão
Escrevendo no output

Buffer de saída

Se você não entendeu bem essa parte de buffer de saída e quiser que eu faça um artigo específico sobre isso, é só me contar nos comentários que eu preparo pra você! :-D

Conclusão

Analisando apenas um dos possíveis wrappers dá pra ter uma breve noção de como essa feature do PHP é poderosa. Através de streams podemos compactar e descompactar arquivos, enviar dados por FTP, acessar servidores via SSH e muito mais.

Referências

Conforme prometido, vou deixar aqui alguns links para que você possa se aprofundar nesse assunto tão rico e importante.